segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AERONAVES SEGUEM POUSANDO SEM VOCÊ DESEMBARCAR

O título deste Blog vem da música “Luz dos Olhos”, do poeta Nando Reis, num trecho a letra diz assim: “...Cartazes te procurando, aeronaves seguem pousando, sem você desembarcar, pra eu te dar a mão nessa hora, levar as malas pro fusca lá fora....”.

Foi esta sensação que senti quando cheguei no Aeroporto de Val de Cans no dia 12/01/2014, pousava aviões de outras companhias aéreas e nenhum da TAM, é que em janeiro eu estava em Belém/PA minha terra e a partir do dia 8/1/2014 começaram as manchetes de jornal dizendo que os voos da TAM estavam sendo cancelados e o motivo era a pista molhada nos dias de chuva, e que os pilotos desta Companhia estavam reclamando que quando chovia ficavam poças d’águas que estavam atrapalhando pousos e decolagens.

No dia 12/01/14 era o meu voo, quando tirei a mala do carro do meu filho, uma pessoa se dirigiu à mim e disse: “seu voo é TAM? pode voltar, todos os voos de hoje estão cancelados”. Com muito tato consegui assimilar a situação e vi que era uma condição de estar impotente para fazer outra coisa, um “game over”, sem saída. Respirei fundo consegui com muita elegância e trato fino uma atendente da TAM muito solicita, competente e profissional, que me ajudou e marcou meu vôo para a terça feira (14/01/14), eu fui embora feliz, afinal ia ficar com minha mãe e meus familiares mais dois dias.

Mas ao meu redor era gente berrando, gritando, xingando, eu me contive pois a revolta dos passageiros tinha uma justificativa, os aviões da GOL e da Azul estavam pousando e os da TAM não. As informações eram muito truncadas, não havia clareza, cada um fazia sua própria ilação e eles começaram a perder a linha, diziam que iam processar a Companhia, gente chorando, filas imensas, falta de hotel, muitos problemas para conseguir alimentação. 

Todos sabem que a hora do pouso é uma das mais perigosas, para que aconteça um evento indesejado. Mesmo sem conhecer algum problema com a pista nova (revitalizada em dezembro de 2013), eu fiquei fazendo minhas ilações.

 Figuras: Avião pousando (Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=bd4qXwtzYs8) 

Minha análise me levou a duas situações:

- Diferente de muitos locais em Belém o sol é pleno, várias ruas ficam rapidamente secas, só enchem em local que a população obstruiu os bueiros, ou em regiões baixas, o que não é o caso do aeroporto. 

- Cancelar vários voos numa sequência de uma só tacada não está correto, pois existem alternativas, o aeroporto de Macapá fica a menos de 30 minutos e o de São Luís cerca de 60 minutos. 

Informações desencontradas inclusive com a Infraero dizendo que o pouso estava liberado, mas que iria haver um Inspeção da ANAC na pista. 

Mas como eu estava focado em voltar para casa, pois tinha compromissos profissionais, deixei isto de lado. Em suma consegui embarcar no dia marcado e o voo foi muito tranquilo, mas nele fui pensando, está faltando algo que de liga, até que já em São Paulo li a matéria do Diário do Pará, que está no Quadro I.

Quadro 1: Noticia sobre proibição de pousos em Belém em dias de chuva.
(Fonte: Jornal Diário do Pará do dia 19/01/2014) 

É incrível que a pista de um Aeroporto após ser revitalizada se torne insegura, isto dá margem para várias ilações, dentre elas estão: obra concluída sem atender o projeto, falta de fiscalização e falta de rigor de quem recebeu a pista restaurada. A verdade não vai vir à tona, pode ser que joguem a culpa em alguém, mas esta informação vai estar longe da realidade. Isto seria concebível se não fosse dinheiro do contribuinte brasileiro, nós vamos pagar o conserto.

Eu fico abismado com a omissão do governo federal, que não consegue fazer obras simples ou complexas sem que os problemas venham à tona. O triste desta história do Aeroporto em Belém foi ver o olhar perdido das pessoas, que perderam as conexões do dia 12/01/14, para à Europa, para os Estados Unidos da América, para o Caribe ou outro lugar do mundo. Pessoas sem chance, sem alternativas, sem ter alguém para minimizar sua revolta, afinal os funcionários da empresa aérea são tão vítimas quanto elas.

Viajei de Avianca do Santos Dumont/RJ para Congonhas/SP no dia 29/01/14 e tivemos que ir para o embarque remoto (sem o finger) no piso inferior do aeroporto e tivemos que dividir o mesmo portão com a Azul, enquanto os outros dois ao lado estavam sem embarque. Eu até brinquei com a situação e disse: “Calma pessoal isto é um treino para a Copa”. Poderia ter sido divertido se não tivesse vivido esta situação antes, que foi um repeteco, em novembro do ano passado num voo da TAM de Brasília/DF para São Paulo/SP dois voos desta mesma companhia dividissem o mesmo portão. Eu não sei como conseguem colocar tanta gente incompetente em tantos lugares chaves. Chamar os aeroportos brasileiros de bagunçados é um elogio, eles são muito piores que isto, estamos vivendo o caos, quem viaja sabe disto e não há nada que se possa fazer até o término deste governo, que insiste em não colocar gente competente para fazer as coisas.


Vinte dias depois o problema persiste é só ver o Quadro 2, as pessoas perderam a noção do contexto onde o problema está inserido, o Pará tem um potencial turístico invejável, mas quem vai para a terra que chove bastante, graças a Deus, se não pode pousar ou decolar.

Quadro 3: http://digital.diariodopara.com.br/pc/edicao/05022014/cidade

No Quadro 3 o número de voos cancelados só aumenta, isto vai acabar como rotina, estou com vontade de escrever para São Pedro para que ele não mande mais a chuva das três da tarde (tão tradicional), vou deixar por último minha Santa, Nossa Senhora de Nazaré para lhe fazer o último pedido, pode ser que até lá esta gente tome juízo e faça o que precisa ser feito. 

Os turistas, mas principalmente os paraenses estão pagando o pato de tanta ineficiência, e nós só gostamos de “pato no tucupi”, vamos ver até quando o governo federal vai deixar este povo a ver navios, sem aviões.

Com relação à TAM desde que ela foi vendida para a LAN, que os seus serviços despencaram em qualidade. Vou citar dois exemplos:

- Eu estava usando duas muletas em junho de 2013 quando cheguei no check in da empresa às 7:05 horas, no aeroporto de Recife, o meu voo era às 7:35 horas, recebi a notícia de que o voo estava fechado, mas que iriam falar com a Supervisora, que não permitiu meu embarque, o que me consolou foi ver a torcida de todos os funcionários do check in para que eu embarcasse. Em suma às 7:14 horas, um cidadão caminhando com dificuldades com duas muletas, foi até a loja e paguei mais de R$ 300,00 porque atrasei para um voo que sequer tinha saído do finger. Reclamei no “Fale com o Presidente” que insinuou que eu estava subvertendo a ordem e que a decisão da Supervisora foi correta. 

- Em setembro do ano passado eu fui defender um trabalho num evento em Santiago do Chile e comprei bilhete aéreo e estadia pela TAM Viagens, na volta não havia nenhum funcionário TAM que falasse português ou mesmo espanhol que pudesse me auxiliar na emissão do bilhete, uma vez que em vários totens do aeroporto era impossível a emissão do bilhete.

Eu voei de TAM na época do Comandante Rolim, que saudades daquele tempo, até “happy hour” de cerveja, pianista. A melhor resposta que o povo do Pará poderia dar a esta empresa seria o boicote, não comprar mais passagens com ela. Mas aí vão me responder que também já tiveram problemas com as outras que operam por lá. Desta forma fica valendo aquela máxima de “quem viajou de avião, viajou de Varig, hoje é tudo empresa “des” (despreparada, despadronizada, desestruturada, ..) que voa”. Com um detalhe, os funcionários que lidam com os passageiros com raras exceções são tão vítimas deste processo como nós. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.

Referências: 

www.diariodopara.com.br
www.youtube.com

Abraços,

ARmando Campos

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