Neste Blog no título faço uso de uma frase da música “Coração Leviano”, do gênio Paulinho da Viola, o trecho escolhido, diz: “Trama em segredo teus planos, parte sem dizer adeus, nem lembra dos meus desenganos, fere quem tudo perdeu. Ah coração leviano não sabe o que fez do meu, ah coração leviano não sabe o que fez do meu (mas trama), este pobre navegante meu coração amante. Enfrentou a tempestade, no mar da paixão e da loucura, fruto da minha aventura, em busca da felicidade. Ah coração teu engano foi esperar por um bem de um coração leviano que nunca será de ninguém”.
O Brasil é o país do realismo fantástico, que mexe com o imaginário popular, o Mestre Dias Gomes retratava isto em suas obras. É o país da contradição, de que tudo tem que ter um autor individual, onde se faz pouca coisa de forma coletiva, cada um olha sempre para seu umbigo e reage com a primeira alternativa que surgir. Vamos aos fatos para embasar este discurso.
Em pleno Século XXI estamos lutando contra o Trabalho Infantil, em 12/06/2015, que é o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou o balanço dos últimos 12 meses de operações de fiscalização e resgate de crianças e adolescentes em condições de trabalho infantil. De acordo com a pasta, de maio de 2014 ao mesmo mês de 2015, o número de resgates chegou a 6.491 casos. (Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-06/em-um-ano-fiscais-regatam-mais-de-seis-mil-do-trabalho-infantil)
E não se assuste com esses números, veja outros números, como o exemplo da notícia abaixo:
Fonte: https://www.sinait.org.br/site/noticiaView/12642/estudo-revela-que-3-3-milhoes-de-criancas-trabalham-no-brasil
Não bastasse o Trabalho Infantil, junta-se a ele o Trabalho Escravo, que até hoje surge em qualquer lugar deste país, sem que os responsáveis sejam presos e cumpram pena. Quando são presos são logo soltos e continuam com esta prática ilegal.
Nos primeiros seis meses de 2014, os auditores fiscais do Trabalho realizaram 57 operações que resultaram na autuação de 109 empregadores flagrados utilizando mão-de-obra ilegal, com identificação de 421 trabalhadores na condição análoga a de escravo.
Em julho de 2014 os dados da Lista Suja dos Empregadores que usam trabalho escravo foi atualizada e apontam 609 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas no campo e nas cidades. O estado do Pará liderava a lista, seguido por Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
Em 28/01/2016 o Ministério do Trabalho e Previdência Social, informou que mais de mil trabalhadores foram flagrados de condições análogas à escravidão no Brasil em 2015, por meio de 140 operações realizadas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel e por auditores fiscais do Trabalho para combater o trabalho escravo no país. De acordo com o balanço do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), divulgado nesta quarta (27/01/2016) as ações identificaram 1010 trabalhadores em condições análogas às de escravo, em 90 dos 257 estabelecimentos fiscalizados.(Fonte: http://www.protecao.com.br/noticiasdetalhe/Any4Acy4/pagina=4).
Falar que isto acontece no campo é lugar comum, veja o exemplo abaixo:
Fonte: https://www.sinait.org.br/site/noticiaView/12621/na-midiareporter-brasil-relata-casos-de-jovens-resgatados-da-escravidao
Se isto acontece em São Paulo imaginem o que acontece por aí. Em 2013 foi publicada a seguinte matéria:
Fonte: https://www.sinait.org.br/site/noticiaView/8645/construtoras-respondem-por-66--dos-maiores-flagrantes-de-trabalho-escravo-do-ano
A pergunta que faço é – de 2013 para cá alguma coisa mudou? Uns vão dizer que sim, existem as valiosas denúncias que o SINAIT – Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho vem divulgando sistematicamente ao denunciar o problema e muito disso pelo esforço individual dos Auditores Fiscais do Trabalho, mas veja lá em que condições eles mesmo trabalham, nos últimos temos tivemos várias Delegacias/Superintendências do Trabalho interditadas por risco grave e iminente, sucatearam o Ministério do Trabalho e agora com a fusão com a Previdência, que Deus tenha piedade deles. A esperança é que o próximo governo reveja esta infeliz decisão de fusão dos Ministérios e que valorize o trabalho dos Auditores Fiscais do Trabalho e aumente seus quadros.
Mas, chega de falar só dos problemas e sofrimentos enfrentados pelas nossas crianças e trabalhadores, os primeiros são indefesos, já os trabalhadores esses buscam saídas, quando não estão sendo reconhecidos e valorizados, e contra-atacam (podia tocar aqui a música do Guerra nas Estrelas) e uma forma que eles encontraram é ir ao Dr. Google, eles ficam fazendo pesquisas sobre sintomas e num átimo surge na tela dos computadores, dos celulares um quadro da doença e os exames que devem ser realizados para se constatar ou não, se o trabalhador tem ou não aquela “doença”.
O passo seguinte é ir ao Coordenador do PCMSO, que está de forma equivocada misturando atendimento ocupacional com clínico e solicitar os exames, se ele não der, o caminho é ir para a perícia do INSS e dizer que a empresa não se interessa ou faz pouco caso dos sintomas que ele está sentindo, assim qualquer exame desses que ele procurou estiverem acusando que o resultado está alterado, pronto, caracterizou-se a exposição e o efeito.
Alguns Médicos tem reportado que tem mandado fazer os exames solicitados pelo trabalhador, mas que em sua grande maioria não tem indicado resultados alterados. O Dr. Google é gratuito e dependendo da forma de consulta podem apresentar texto bem elaborados ou textos empíricos que só servem para distorcer informações, que deveriam estar íntegras e de fácil interpretação.
O Dr. Google está disponível 24 horas por dia, para consultas e ele tem outras dicas é só saber pesquisar. Newton já dizia em sua 3ª. Lei que estabelece o Princípio da Ação e Reação, assim os trabalhadores podem estar acuados, mas vão buscar respostas para enfrentar os problemas do dia a dia. Como diria o poeta: “ah coração teu engano foi esperar por um bem de um coração leviano que nunca será de ninguém”.
Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los.
Abraços,
ARmando Campos