quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES ?


A população brasileira tem sido invadida por tragédias em nosso país, seja, pelos jornais, pelos noticiários televisivos, pela internet, pelas rádios, enfim em todos os meios de comunicação de forma a fazer um cerco, não só pela audiência, mas também por tentar despertar uma consciência de cidadania, ou outro interesse que não podemos avaliar, mas é bom frisar de que nesses tempos os desafios são outros. 

Diferente de outros tempos, onde a imaginação das pessoas é que era a verdadeira imagem deste filme, nos tempos atuais tem sempre uma câmera posicionada num local estratégico, que nem George Orwell (1984) faria melhor, em que é possível ver o que aconteceu na hora e com um depois recheado de imagens, inclusive com imagens dos transeuntes via celular (a tecnologia ajuda). Assim é possível ver gente correndo, gente desesperada, gente com ausência de ação sem saber reagir aos fatos, rostos em pânico e gente sem acreditar no que está vivendo. 

A cidade do Rio de Janeiro tem sido o principal palco destas tragédias, através de bueiros explodindo, restaurante que explode, prédios desabando, só para falar dos mais recentes. Digo isto porque tivemos o desabamento da Linha 4 do Metro próximo a Marginal Pinheiros com óbitos, e a recente explosão de bueiro na cidade de São Paulo/SP, queda de edifícios em Belém/PA e em Recife/PE, incêndios em diversas cidades, como o do Centro de Convenções da Bahia em outubro de 2011, além de outros acidentes impactantes, que seria lugar comum ficar citando, até porque nem se fala mais deles, digo isto porque, por exemplo, quase ninguém mais se lembra do incêndio do Gran Circus Norte-Americano, uma semana antes do Natal de 1961, que deixou cerca de 500 mortos e 120 mutilados, na cidade de Niterói/RJ. Hoje alguns relembram do fato, isto devido cinquenta anos depois, o escritor Mauro Ventura que pesquisou sobre o maior incêndio do Brasil e lançou o livro “O espetáculo mais triste da terra”.



Figura: Capa do Livro “O espetáculo mais triste da terra” 


A tragédia deste início do ano no Rio de Janeiro com o desabamento de três prédios na Cinelândia bem atrás do Teatro Municipal foi um evento que tomou todo mundo de surpresa, gente aflita, muita tristeza, gente que viu anos e anos de luta irem embora em segundos, gente que não sabe mais onde irão trabalhar (não existe mais o local), gente que perdeu a paz e que está emocionalmente dilacerada, e que está com um grande vazio no coração. Esta dor para quem viveu esta tragédia, vai ficar para sempre como se alguém tivesse feito uma tatuagem, que não se consegue apagar. 

O que iremos aprender com tudo isto, como dirá o Kletz- O que houve de errado?, primeiro vamos buscar uma explicação pro ocorrido. 

  • - Por que o acidente ocorreu à noite? Se fosse de dia a tragédia seria muito maior, o número de óbitos cresceria exponencialmente. 
  • - Por que alguém que busca abrigo num elevador de porta aberta, e sobrevive? Isto contraria todas as orientações de segurança que são repassadas pelos profissionais da área. 
  • - Por que o prédio foi tendo sua lateral afetada por janelas e ninguém notou isto? A área é uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro. 
  • - O que existia ali antes do prédio ser construído? 
  • - Qual o impacto que as obras do Metro causaram na edificação, que tinha mais de 50 anos? 
  • - Qual o impacto que a movimentação do Metro causou as fundações do prédio? Ele fica entre duas estações, a da “Cinelândia” e a da “Carioca”. 
  • - Até que ponto as obras do terceiro andar e do nono andar impactaram para a queda?. 
  • - Por que não se tomou providencias quando o Zelador apontou rachaduras e falhas no prédio? 
Poderíamos ficar citando outros questionamentos, mas vamos deixar isto com quem está investigando. Algo que merece destaque é um registro fotográfico que saiu no site do Estadão. Veja as fotos:

Data: 09/04/2001

Data: 20/04/ 2010

Data: 24/01/ 2012


"Texto: Imagens do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, vizinho aos prédios que desabaram, feitas em 2001, 2010 e 2012 pelos fotógrafos Wilton Junior e Paulo Vitor, mostram que um dos edifícios tinha várias janelas em paredes que originalmente não teriam aberturas externas."

Diante dos fatos num primeiro ímpeto podemos pensar que houve omissão do poder público, que os moradores violaram regras e não contrataram Engenheiros Civis para avaliar as mudanças que queriam fazer, ou mesmo que falta mais informação às pessoas para que com um conhecimento básico de segurança, possam apontar falhas que começam pequenas e depois são ampliadas. Mas a questão é mais abrangente que isto, essas coisas precisam ser corrigidas, mas precisa haver uma consciência melhor sobre as cidades. Sobre o que se faz com ela e qual o nosso estado de vigilância, para que esses acidentes não voltem a ocorrer. 

Em 2012 teremos eleições para Prefeito e Vereadores verifique qual a proposta de cada um, qual o olhar que eles tem sobre a cidade que você mora, é necessário investir mais num censo fotográfico das edificações existentes, para que se tenha uma base para fazer comparações, a obrigação do EIA – Estudos de Impactos Ambientais para obras do tipo Metro, canalizações de gás, dentre outras. Além do que precisa haver uma capacitação com formação e informação permanente para o atendimento à essas tragédias, além de uma vigilância constante, e caso necessário intervenções sistemáticas. O olhar sobre a cidade é contínuo e requer uma visão holística dos problemas a serem enfrentados. 

Eu tenho rezado todos os dias para os que se foram nesta tragédia e para os que ficaram. Este texto também é uma forma de oração. 

Traduza este texto para sua realidade e faça comentários eu gostaria de recebê-los. 

Abraços 

ARmando Campos

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