A mídia não
se cansa de mostrar nossos bons resultados, e de como viramos referência para o
mundo, por tratamos as questões econômicas de forma séria e responsável. As
grandes multinacionais querem vir produzir no Brasil, nossa como é bom estarmos
vivendo este cenário.
Neste
contexto o meu mundo é o das questões de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e
Saúde Ocupacional, assim vou me atualizando, nas busca em ficar focado e
antenado com o mundo das relações de trabalho.
Na nossa área
a OIT convidou oito países para fazer um Guia com diretrizes para proteções de
máquinas, sendo um deles o Brasil, isto devido a nova versão da Norma Regulamentadora
nº. 12, que já foi traduzida pro inglês e alemão.
Além disto
temos feito revisões das normas regulamentadoras, com destaque para as NR 25 e
NR 26. E tem três normas para sair, uma sobre trabalho em altura, ou sobre
abate e processamento de carne e uma sobre Gestão de SST, bem como já tem um
grupo trabalhando na NR 15.
Só notícias
boas, mas, eis que no meio de outubro de2011 a Previdência Social divulga as
estatísticas de acidentes de 2010. O quadro é o seguinte:
Tabela 1: Quantidade mensal de
acidentes de trabalho, por situação e registro
Analisando a
tabela 1, verificamos que 2010 em relação a 2009 teve uma queda expressiva de
mais de 30.000 acidentes de trabalho (quase 5%), isto se não fosse os acidentes
de trajeto que tiveram uma subida expressiva de 5%. O resto todo teve uma queda
inclusive os dados da falta de registro de CAT.
Isto me
surpreendeu pois eu esperava dados piores, pelo que vinha sendo divulgado na
mídia. Bem continuei vendo as estatísticas e me deparei com um dado preocupante,
está na tabela 2.
Tabela 2:
Quantidade mensal de acidentes de trabalho liquidados, por consequência
Analisando a tabela 2,
verificamos que em 2010 o número de óbitos cresceu em 6% em relação a 2009, no
entanto ficando menor que em 2008. Se somarmos a coluna Incapacidade Permanente
e Óbito e dividirmos por 365 dias (ano), chegamos a seguinte conclusão: em 2008
tivemos uma média 43,6/dia, em 2009 média de 47/dia e em 2010 média de 46/dia, que não mais retornaram ao trabalho devido a invalidez
ou morte. São dados preocupantes que necessitam de uma investigação mais
profunda para se saber o que está acontecendo.
Alguns podem dizer que o número de segurados aumentou e que a
leitura não é esta, mas estamos diante de um número expressivo de trabalhadores
afastados dos locais de trabalho. Não basta só se pensar em Ações Regressivas
pela Previdência Social, nem de multas pelos Auditores Fiscais do Ministério de
Trabalho e Emprego, ou mesmo de TAC, tem de se ir mais fundo nesta história,
talvez criar uma força tarefa para investigar e analisar essa situação.
Quando estava escrevendo
esse Blog, recebi no dia 25 de novembro um Email (reproduzo parte dele) diz
assim:
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São Paulo,
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Afastamentos por doenças mentais disparam no país
Depressão e estresse ligados ao trabalho levam a afastamento pelo INSS
Concessões de auxílio-doença acidentário para episódios de transtornos mentais cresceram 19,6%
ÉRICA FRAGA
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE SÃO PAULO
Afastamentos por doenças mentais disparam no país
Depressão e estresse ligados ao trabalho levam a afastamento pelo INSS
Concessões de auxílio-doença acidentário para episódios de transtornos mentais cresceram 19,6%
ÉRICA FRAGA
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE SÃO PAULO
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Segundo
Remígio Todeschini, diretor de Saúde e Segurança Ocupacional da Previdência
Social, o crescimento econômico mais forte nos últimos anos e o surgimento de
tecnologias mais avançadas de comunicação são algumas das causas da expansão
recente.
"O ritmo de atividade econômica mais intenso
acaba exigindo mais dos trabalhadores. Além disso, com o uso muito grande de
ferramentas tecnológicas, o trabalho passou a exigir um envolvimento mental
muito grande."
Para o
pesquisador Wanderley Codo, o estudo mais profundo da relação entre saúde
mental e trabalho ajuda a explicar o maior número de casos de afastamentos por
doenças como depressão.
"O
diagnóstico ficou muito mais preciso", diz Codo, que é coordenador do
Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade de Brasília).
Especialistas ressaltam que os trabalhadores têm
acesso atualmente a mais informações sobre os transtornos mentais e suas
causas.
"Isso
também ajuda a explicar o aumento nas concessões", diz Geilson Gomes de
Oliveira, presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência
Social.
Segundo
Todeschini, o governo estuda a adoção de medidas para intensificar a
fiscalização das condições de trabalho. Para ele, a maior ocorrência de doenças
mentais está em vários setores.
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Assim transtornos
mentais aumentam 19,6% e acabam tirando mais trabalhadores dos locais de
trabalho, já não bastava os números de óbito e de incapacidade permanente,
agora mais esta. O problema é que não há um setor (são vários ramos de
atividade, talvez todos) alvo e esses transtornos estão ligados aos riscos
psicossociais, que não estão na ordem do dia da maioria das empresa
brasileiras. Diante deste quadro eu pergunto: “e o trabalhador brasileiro como
fica?”. Ele não é um “coitadinho”, tem seus direitos e deveres e nem sempre
sabe qual o seu papel (ou porque não lhe dizem ou porque ele não entendeu)
dentro da empresa. Assim fica uma relação de trabalho fragmentada, onde
decisões falíveis proliferam e as coisas acontecem como que dissociadas, como
se não existisse um elo entre elas, como se não tivéssemos de prestar conta dos
nossos atos.
Fico me perguntando o que nos falta? Temos uma legislação
consistente das melhores no mundo, profissionais de SMS que se destacam, trabalhadores
que impulsionaram nossa economia para uma das melhores no mundo, um diálogo
social que tem produzido fatos relevantes como o FAP, enfim um clima para que
se desenvolva um trabalho com responsabilidade social na nossa área.